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Burocracia anti-verde

Planta e desplanta. Moradores da Rua Antonio Bicudo querem saber: como ficam as árvores?

Os moradores da Rua Antonio Bicudo, em Pinheiros, plantaram, com a ajuda do CADES e sob orientação da prefeitura, sete árvores no local, mas após o plantio o poder público volta atrás e quer mudá-las de lugar para cumprir uma norma burocrática.

As calçadas da Rua Antonio Bicudo, em Pinheiros, apesar de largas e propícias a receberem um belo projeto de arborização, tinham, até pouco tempo atrás, apenas duas árvores, ambas em situação precária: uma delas quase sem galhos e a outra torta. Isso porque há no local uma feira livre, cujas barracas e caminhões acabavam judiando da vegetação. Mesmo com esse “senão”, foi lá que a prefeitura indicou ao movimento Novas Árvores por Aí – que quer disseminar na cidade o plantio de árvores pela população – que executasse o projeto.

O autor da ideia, Nik Sabey, conta que o projeto está evoluindo em parceria com o Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – CADES, que vem mantendo um calendário de aulas teóricas e práticas sobre plantio em canteiros e calçadas, com maciça participação popular. “Após o curso teórico aqui em Pinheiros, para o qual, inclusive, tivemos apoio da subprefeitura, que cedeu o local para as aulas, os participantes fizeram um levantamento de locais, na região, para o plantio das árvores. Esse levantamento foi feito por meio de conversas com a população e comerciantes e foi entregue à prefeitura”, explica.

Após uma avaliação, a prefeitura indicou a Rua Antonio Bicudo para o plantio das árvores e cedeu as sete mudas a serem plantadas. “A população se mobilizou e o plantio acabou se transformando em um evento”, diz Sabey. “O grupo se inteirou da legislação e seguiu com cuidado as normas vigentes sobre o assunto. A lei diz que o plantio de árvores deve respeitar um espaço de 1,20 metros para a passagem de pedestres e cadeirantes, mas como a calçada é grande e para não atrapalhar os feirantes, deixamos um espaço maior ainda, de 1,50 metros”, afirma ele.

Mas a alegria durou pouco. Apesar de todos – moradores, estudantes de uma escola próxima e até os feirantes – ficarem satisfeitos com o resultado gerado pelo movimento, a prefeitura quer mudar as árvores de lugar. O motivo é uma daquelas cláusulas burocráticas na lei. Diz a cláusula que as mudas devem ser plantadas na chamada “faixa de serviço”. “Caso a prefeitura troque as mudas de lugar, as árvores vão sofrer e acabarão prejudicadas pelo movimento da feira”, afirma Sabey. “É um absurdo que não seja possível flexibilizar a lei, prevendo casos como esse”, reclama.

Revoltada, a conselheira do CADES Pinheiros, a ambientalista Cláudia Visoni, desabafa: “As árvores são serem vivos e precisam ser respeitadas. E, mais do que isso, nós dependemos elas para sobreviver. Esse é um exemplo do descaso com o verde em nossa cidade, o que a torna árida e sem vida”. Cláudia defende a realização de uma audiência pública pela Subprefeitura Pinheiros para que o assunto seja discutido. “Estamos pressionando a prefeitura para agendar o encontro”, diz.
Enquanto isso os moradores também se mobilizam. Maria Fernanda Salles de Aguiar Ruy redigiu um abaixo-assinado, encaminhado à subprefeita Harmi Takiya, pedindo a manutenção das árvores no local. O documento já tem mais de 300 assinaturas.

Para mais informações sobre o abaixo-assinado, cuja adesão pode ser feita online, acesse o facebook do movimento Novas Árvores por Aí e busque, na linha do tempo, o post do documento