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Hospital Veterinário Público

O primeiro Hospital Veterinário Público foi criado no país em 2012. Leia mais no artigo do deputado federal Ricardo Tripoli.

Luciana Bernardo e José Robson de Oliveira, proprietários da gatinha Natasha, de 12 anos, levaram-na à unidade da zona leste do Hospital Veterinário Público de São Paulo, por indicação de amigos.

Sem se alimentar há alguns dias, a gatinha passou pela triagem, fez coleta de sangue, e enquanto aguardava a indicação de exames complementares, ficou numa sala reservada, recebendo soro e medicamentos endovenosos. Os proprietários, consternados, tiraram o dia para acompanhá-la e ficaram encantados com o atendimento e o tratamento dispensado.

O casal se insere na estatística do IBGE (PNS – Pesquisa Nacional de Saúde 2013) que aponta que 17,7% dos domicílios brasileiros possuem pelo menos um gato, o que equivale dizer que a população felina domiciliada está estimada em 22,1 milhões. Em relação aos cães, 44,3% dos domicílios do país possuem pelo menos um, o equivalente a 28,9% milhões de unidades domiciliares. Esta população é estimada em 52,2 milhões.

Para o Estado de São Paulo, com variáveis de município para município, o Instituto Pasteur estima que a população de cães represente entre 10% a 20% da população humana, o que representaria uma relação de 1 cão para cada 10 pessoas, ou 1 cão para cada 5 pessoas, respectivamente.

A relação afetiva entre humanos e seus animais de estimação e as benesses para ambos, são, hoje, indiscutíveis. E isto justifica o quadro evolutivo de atendimento nas duas unidades públicas do Hospital Veterinário de São Paulo, que cresce vertiginosamente, ano a ano.

Seres sencientes, ou seja, aqueles que apresentam a capacidade de expressar sentimentos, cães e gatos, a exemplo das demais espécies, têm direitos assegurados no país e no mundo.

O tratamento clínico garantido pelos hospitais representa um dos pilares do organograma de condutas e políticas públicas em saúde, que perpassam o controle populacional de cães e gatos, a coibição aos maus-tratos e ao abandono, as ações de vigilância epidemiológica (cobertura vacinal e prevenção em zoonoses), que salvaguardam população humana e animal.

O primeiro Hospital Veterinário Público foi criado no país em 2012. Até então não havia nada parecido em todo Brasil. A primeira sede começou a funcionar no bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo. Em 2014, foi aberta uma segunda unidade na Parada Inglesa, zona norte da cidade. O projeto foi idealizado pelo atual deputado estadual Roberto Tripoli (PV), que, na época, como vereador, fez gestões junto às autoridades do Executivo e destinou verbas no orçamento municipal. O Hospital é custeado pela Prefeitura e é administrado pela Anclivepa-SP (Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais de São Paulo).

As duas unidades do Hospital Veterinário Público realizam entre 400 e 700 atendimentos por dia, segundo o diretor da instituição Lucas Freitas. Os animais contam com consultas, medicamentos, cirurgias, internação e exames laboratoriais, que contemplam diversas especialidades: cardiologia, dermatologia, endocrinologia, medicina alternativa, neurologia, odontologia, oftalmologia, oncologia e ortopedia. A demanda é enorme e desde a criação do hospital só faz aumentar. Para se ter uma idéia do sucesso da iniciativa, em 2012, quando o hospital iniciou suas atividades, foram realizadas 7.294 consultas e 1.449 cirurgias. Em 2015, esse número saltou para 35.939 consultas e 8.368 cirurgias. Ainda nesse ano, os profissionais da instituição fizeram 110.632 atendimentos para administrar medicamentos, 11.332 curativos, 52.525 exames de imagem, 113.008 serviços laboratoriais e 55.938 retornos.

Apesar da evidente necessidade do serviço, a Prefeitura custeia, diariamente, apenas, 45 novos atendimentos para o hospital: 30 para a unidade da zona leste e 15 para a da zona norte. O que é um disparate para a realidade do dia a dia das duas sedes.
Os dados apresentados pela instituição são reveladores da legitimidade do pioneiro empreendimento, que criou oportunidade para a população de baixa renda cuidar com dignidade de seus animais. A assistência veterinária é muito bem vinda para aqueles que não têm condições de pagar consultas, cirurgias, internações e exames na rede particular. Por essa razão, o público que freqüenta as duas unidades do hospital vem de muitas regiões da cidade de São Paulo. A procura pela instituição mostra a urgente necessidade de descentralizar o atendimento.

A região de Pinheiros, na zona oeste, contempla um dos maiores índices de cães e gatos por domicílio, e, a exemplo da zona sul, ainda carece de uma unidade do hospital púbico. Cuja implantação faz-se imprescindível.
O hospital é considerado modelo padrão de política pública e já chamou atenção de outros países. A expressiva procura pelo serviço, a excelência de seus quadros profissionais e as suas modernas instalações justificam a ampliação do número de unidades não apenas na cidade de São Paulo, mas também no Estado e em todo país. Eu estou fazendo minha parte. Em visita que fiz ao governador Rodrigo Rollemberg sugeri a criação do Hospital Veterinário Público no Distrito Federal. A proposta foi bem recebida pelo governador, que planeja viagem à capital paulista para conhecer a iniciativa. O desafio, agora, é implantar o atendimento veterinário gratuito nos grandes centros urbanos do país.

Ricardo Tripoli, é deputado federal.